11/10/2019

Padre Edvino A. Friderichs explicava -


Sugestão Católica
· 11 de outubro de 2019 · 




SERÁ QUE OS MORTOS APARECEM?

Uma jovem, em Campinas (São Paulo), acorda de súbito e verifica no relógio de cabeceira serem 6,35 da manhã.
Ao sentar na cama vê no espelho do guarda-roupa refletida a imagem de seu noivo, que deveria estar então a 300 quilômetros.
Mais tarde verificou-se que o moço sofrera um acidente de caminhão, sendo quase atropelado. Seu relógio quebrara-se no momento do acidente; marcava exatamente as 6,35 da manhã.

A srta. May, lendo uma tarde no seu quarto, tem a sensação súbita de que alguém entra no aposento. Não enxerga nada, mas de repente ...sente um longo e terno beijo sobre a fronte. A srta. May levanta a cabeça e vê detrás da cadeira seu noivo, ainda inclinado para abraçá-la. Depois tudo desaparece. Ela teve tempo de distinguir toda a figura dele, o alto porte, largura do tórax... Aquele mesmo dia, longe de lá, o sr. Lichfield, o noivo, era vítima de acidente de cavalo.

A senhora Paget, às 22 horas desce à cozinha e de repente vê seu irmão Miles, que entra e se dirige a ela, sentando-se perto. Tinha o uniforme de marinheiro, e um pouco de água brilhava sobre a sua camisa e capacete. Ela supõe que a chuva o tivesse molhado e grita: “Miles, de onde é que você vem?”. Ele responde, com sua voz habitual, mas muito depressa e excitado: “Por amor de Deus, não
digas a ninguém que eu estou aqui”. E desaparece... “Cheia de pânico, escreve a data numa folha de papel”.
Miles, naquele dia, sofreu um acidente no porto de Melbourne. As datas coincidem; tendo, porém, em conta a diferença de longitude, a aparição se verificou com um atraso de 10 horas sobre a hora do acidente.

Aqui o leitor tem três casos contados no livro clássico: “A Face Oculta da Mente”, por Pe. Oscar Quevedo, o diretor-presidente do Centro Latino-Americano de Parapsicologia.
Eles nos fazem compreender melhor o fato de os mortos na realidade não aparecerem. 
Três aparições, claras, nítidas, quase diria palpáveis, de espíritos do “outro mundo”, entretanto não houve morto nenhum no jogo, porque nenhum dos três morreu, mas restabeleceram-se. 
Pura ficção, pura dramatização do nosso inconsciente. 

Cito estes casos por serem representativos, isto é, semelhantes a estes existem centenas e milhares.
Há pessoas que sonhando têm visões nítidas, até mesmo coloridas; outras em estado de hipnose experimentam alucinações perfeitas, como sabemos de muitas experiências. 
Até mesmo em estado vigil já consegui produzir alucinações tão convincentes em muitas pessoas, a ponto de afirmarem enfaticamente a realidade delas. Contudo não passou de alucinação. Eram visões sem objeto real. A imagem que tinha na mente foi projetada na parede por hetero-sugestão.


NOSSO INCONSCIENTE DRAMATIZA

Nosso inconsciente dramatiza suas manifestações, atribuindo-as a alguém ou a alguma coisa. À semelhança das aparições de mortos, uma prosopopáia muito frequente é a crença na reencarnação, que não foi revelada pelo “além”.
Não há como vimos comunicação dos mortos com os vivos. Só Deus mesmo poderia fazer isto e mais ninguém. E seria cada vez um milagre.
São manifestações do inconsciente e como tais refletem o ambiente de origem. Basta recordar que o mundo latino recebeu a doutrina da reencarnação como revelação dos espíritos dos mortos. Na realidade a recebeu de seu inconsciente. Quando porém, os “espíritos dos mortos” se dirigem aos povos anglo-saxões, negam, atacam e até chegam a ridicularizar tal doutrina.
Quando algum “espírito de morto” fala a uma freira católica fala em purgatório, pede missas e orações, quando se manifesta a algum ocultista fala em mundo astral e assim por diante...
Esta relatividade mostra claramente a inconsistência dessa doutrina manifestamente contrária ao cristianismo.


O FANTASMA DE LANTERNA

Uma senhora de Ibituruna, através do jornal “Santuário de Aparecida”, me escreve nestes termos: “Há uns oito anos faleceu um empregado de minha cunhada. Era ele muito desordeiro. Empunhando uma lanterna, saía de noite para roubar. Mas, certo dia, foi descoberto. Não obstante a intervenção do delegado de Polícia, conseguiu fugir. Mas ninguém sabe por que cargas d’água veio a tomar uma dose de veneno que lhe foi fatal. A voz que agora corre por toda região é que ele está aparecendo a diversas pessoas e que elas até o vêem munido de uma lanterna, como nos tempos em que, quando vivo, roubava”. 
“A pessoa que se suicida fica vagando até cumprir o seu tempo”. Certamente quer falar alguma coisa, mas não encontra uma pessoa de coragem. Meu marido é muito impressionado e, como ele, todos os seus parentes. Eu, graças a Deus, não tenho medo, não acredito...”

Isso mesmo Dona Nemir, não deve ter medo. Quem está com a consciência limpa, quem está bem com Deus não precisa ter medo de coisa alguma e de ninguém. 
As pessoas que morreram, mesmo os suicidas, não aparecem, não. As pessoas que têm medo pensam vivamente que vêem algo, quando isso, de fato não corresponde à realidade. Eu mesmo, no palco, fazendo minhas conferências, já produzi muitas visões e aparições de vários tipos, para fazer com que as pessoas compreendam o puro engano daqueles que dizem que no espiritismo vêem almas do outro mundo. Tal visão, não sendo um objeto real, chama-se alucinação. Para mim, as pessoas videntes juraram que viram e mesmo descreveram com riqueza de pormenores as aparições e, contudo, eu lhes podia provar com toda evidência que o acontecido não havia passado de sugestão visual.
Pessoas de boa sensibilidade e mormente quando, à noite, dominadas pelo medo, vêem facilmente cenas ou fantasmas inexistentes. São dramatizações do inconsciente, como se diz em Parapsicologia.

Se as aparições mencionadas por tantas pessoas fossem mesmo autênticas, Deus estaria fazendo milagres “aos montes”, o que não corresponde à realidade. Os milagres são raros, por serem exceções, intervenções de Deus na ordem por Ele mesmo estabelecida, ordem essa que é perfeita. A rica literatura científica sobre o assunto nos fala de tantos casos aparentemente evidentes de aparições bem mais concretas do que as aqui narradas e que, contudo, não eram verídicas.
Por isso, não é verdade que “os suicidas ficam vagando até cumprirem o seu tempo...” “ou que eles querem dizer algo, mas não encontram quem tenha coragem...”
Tranqüilize todas as pessoas impressionadas e diga-lhes que tais afirmações e temores não têm nenhuma razão de ser. Quando alguém afirma ver... vá lá pertinho... olhe bem, sem medo e verá que nada existe de real e que se trata apenas de um produto da fantasia amedrontada daquela pessoa. Podem até fazer a experiência de dormir tranquilamente em um cemitério, que nada vai acontecer. 

Não temos motivo para temer os mortos e sim, pelo contrário, os vivos. Estes, os vivos nos podem prejudicar, ferir, roubar, assaltar, seqüestrar e até matar. Além disso, os mortos não têm possibilidade alguma de se comunicar conosco e tampouco nós com eles. Isso supera toda capacidade natural. Só Deus pode fazê-lo, mas Ele o faz, ou permite que seja feito, apenas muito raramente.
O tio do seu marido, o adventista, aquele de quem me falou acima, também não tem idéias claras sobre este assunto. De forma nenhuma se trata de um anjo mau ou de um demônio. Isso Deus também não permite.
De mais a mais, para quem tem fé em Deus, nem todos os anjos maus, nem todos os demônios do inferno juntos poderão fazer o menor mal.
Portanto, Dona Nemir, calma, tranqüilidade, domínio próprio, cabeça fria e, antes de tudo, muito mais fé e confiança em Deus!
Não se esqueça que Deus é Todo-Poderoso e que, na qualidade de Pai, nos quer ajudar, porque somos seus filhos queridos, que Ele ama mais do que nós somos capazes de compreender e de imaginar.

(Texto do saudoso pe. Edvino A. Friderichs, S.J.)

 🎆

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é importante. 💁‍♂️