25/01/2020

"Deuses" 2


Mario Umetsu 25 de janeiro às 20:22Os demônios existem; os deuses não. Para que a afirmação de que os demônios realizem fenômenos e se passem por ídolos para lucrar algo além do pecado deixe de ser uma especulação humana e passe a ser um fato, é necessário que se comprove suficientemente que já ocorreu alguma vez. Os medievais - santos e papas inclusive - creram amplamente na existência de sabbaths e bacanais com demônios e se deram mal, pois nunca houve nenhum de fato, conforme indicam testemunhas da época, bispos, inquisidores, cientistas da época e historiadores de hoje: todos os caçadores de feiticeiras jamais viram um sabbath, apenas criam no que ouviam; e as bruxas nunca produziram nada em suas presenças.


MARIO REPONDE:
S.M. A leitura de uma das horas do Ofício Divino de hoje, festa da Conversão de S. Paulo, é bem esclarecedora a respeito:

At 26,16b-18

"Levanta-te e te põe em pé, pois eu te apareci para fazer de ti ministro e testemunha do que viste e do que ainda te mostrarei. Eu te escolhi do meio do povo e dos pagãos, para os quais agora te envio, a fim de lhes abrires os olhos e para que eles se convertam das trevas para a luz, do poder de Satanás para Deus, e recebam a remissão dos pecados e a herança entre os santificados pela fé em mim. "
Corroborando isso, temos, no ritual antigo do Batismo, sancionado pelo constante e ininterrupto uso da Igreja, e que vem da época patrística, um ritual de exorcismo antes da parte propriamente batismal da liturgia em questão. É chamado exorcismo menor (mas é de expressões muito enfáticas e dirige-se ao espírito maligno com toda clareza. O contexto de origem é justamente a passagem dos catecúmenos do paganismo pata o Reino da luz. No atual rito do Batismo, permanecem os exorcismos menores, mas no rito de Batismo das crianças, é abreviado e reduzido ao mínimo essencial. Já no Ritual de Batismo de Adultos se prevê que, em determinado momento d caminho de preparação para o Batismo (catecumenato), o catecúmeno, se passou por religião pagã e cultuou divindades outras, faça as renúncias a Satanás nomeando explicitamente o nomes as divindades a quem serviu e adorou. Como digo, essas renúncias equivalem à renúncia normalmente dirigida a Satanás. Há uma equivalência, um paralelismo no ritual.
De resto, toda mentira é uma máscara potencial para o demônio, a quem Jesus nomeou "pai da mentira" (Jo 8...). Ora, de todas as mentiras, a pior certamente é a idolatria. Logo...

  • Mario Umetsu - Não entendi o que tem a leitura de hoje a ver com meu texto. E do que o senhor afirmou na sequência, não vejo onde seja claro e nem imposto crer que alguém que prestou culto a um deus pagão tenha precisamente cultuado a um espírito maligno além de ter pecado.

    Toda mentira é uma máscara potencial ao demônio; é fato. Potencial, por constituir pecado. Quem se recusa a prestar culto a Deus está nas mãos do demônio por suas faltas, necessariamente. Não há polêmica nisto.

    Quanto ao tal ritual de exorcismos da Patrística, sabe-se que consta de uma época de opiniões demonológicas pra lá de controversas, onde até incubus e succubus (repelidos enfaticamente como possibilidade pelo papa Bento XIV) são personagens. Tertuliano, por exemplo, influenciando parte de nossa liturgia, acredita que os demônios moram nas águas. Justino, Eusébio e Clemente de Alexandria criam que os demônios pecaram sexualmente com mulheres. Naturalmente, nossa questão desponta para uma análise de fatos, muito além de uma possibilidade teológica, sobre como os demônios teriam lançado mão das figuras de deuses para enganar ao povo, e tal análise já não se encontraria sob o poder dos intelectuais da antiguidade.

    Além de que tais exorcismos sejam antigos, nunca foram impostos para a Igreja Universal.

    Por fim, mesmo no Exorcismo Solene há problemas teológicos graves e nunca revistos, como a pergunta que fará o exorcista ao possesso a respeito de feitiçaria e local onde estaria armazenada. Tal questionamento foi levantado por frei Constantino Koser, D. Boaventura Kloppenburg e muitos outros.
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Lycurgus Consulting the Pythia - oferenda cordeiro - Eugene Delacroix, (1840)

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