25/01/2020

Pactos

Mario Umetsu25 de janeiro às 20:37Manuais de teólogos e inquisidores existem em centenas, afirmando que com o auxílio dos demônios as bruxas faziam pactos, voavam em vassouras e animais, transformavam-se em sapos e cães, derrubavam a libido dos homens... Todos contando e recontando os fatos com requintes de precisão, incluindo as fórmulas mágicas em todas as suas etapas, citando cada material empregado e o tempo de duração dos efeitos.
Ocorre que nenhum dos autores do manuais jamais viu qualquer coisa dessas ocorrendo.

Mario Umetsu responde:


G. - Tanto que assim que a histeria começou a correr solta, os primeiros documentos papais sobre isso foi sempre de enfatizando que bruxas não existem e crer nessas coisas é passível de heresia...
  
Mario Umetsu - Houve documentos papais nos dois sentidos. Foi uma confusão infernal.
·     Mas importa é que doutrinariamente (e não pastoralmente) a crença no pacto e na feitiçaria foi considerada uma "sacramenta diaboli" e condenada como coisa de "estúpidos e obtusos". Heresia; impossibilidade, ilusão. Não existem e nem podem existir.

P. -  Mario Umetsu, mas, e quanto aquele episódio de uma moça que, após uma maldição, era vista por todos como uma mula? Só São Macário, salvo engano, a via como quem realmente era. E quanto as narrativas de missionários que, em África, eram perseguidos por homens que transformavam a si mesmos - uma ilusão demoníaca- em tigres?

Mario Umetsu – Paulo:
"quanto aquele episódio de uma moça que, após uma maldição, era vista por todos como uma mula?"
- Como a coisa acontecia (e se acontecia mesmo) não sei, mas afirmo categoricamente que nenhuma maldição pode existir. É irreal sua eficácia e um pecado contra a fé a crença.

" E quanto as narrativas de missionários que, em África, eram perseguidos por homens que transformavam a si mesmos -uma ilusão demoníaca- em tigres?"

- Não conheço essa passagem, mas, de qualquer modo, gostaria que me enviasse o que tiver a respeito dela. Normalmente relatos dessa natureza são muito inespecíficos e pouco trazem para uma investigação que sustente uma opinião a seu favor. Recordo também que não temos a obrigação de crer na possível sobrenaturalidade desses fatos...

P. - Mario Umetsu, conheço esses relatos como citações dentro de outras obras, mas não me recordo quais. Terei de procurar. Mas, de qual modo uma maldição vai contra a fé?

G. -  Paulo , talvez, se buscarmos primeiro explicações naturais, estejamos diante de um caso de histeria no caso de São Macário, onde ele não foi afetado. Isso, pra mim, não exclui a providência divina do contexto, onde ele não caiu na suposta histeria... Tudo isso é uma breve especulação sobre possibilidades naturais.
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Mario Umetsu - "Mas, de qual modo uma maldição vai contra a fé?"
Há que se ver de qual modo foi efetivada essa "maldição".
No sentido de que toda a Providência e todo poder só pode vir de Deus, quem governa o mundo. Ninguém poderia encomendar uma desgraça aos demônios, que jamais têm liberdade de agir por evocação. Ainda que ouvissem o pedido, teriam que conquistar a liberdade de Deus para cumprir, e Ele não obedecerá a um ser humano.

Mario Umetsu - E se Deus ouviu e quis fazer, foi porque já estava em seus desígnios. Não obedeceria a um pedido.

P. - Mario Umetsu, mas ninguém diz que a ação demoníaca é libérrima, mas que há ação. E, em todo caso, como saber quem está na presciência de Deus como um amaldiçoado segundo a Sua vontade consequente? Pelo que vejo é mais comum do que se imagina. Tenho parentes inclusive que fazem uns troços, que funcionam, que com certeza não são coisas de Deus.
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Mario Umetsu - Como saber? Ninguém sabe; nem eu. O que afirmei é que não existe e não pode existir nenhuma súplica eficaz ao Mal, nem por meio de rituais e encantamentos, nem por meio de feitiçaria. A afirmação dessa possibilidade é herética.

Mario Umetsu - E nisto estamos somente no terreno da teologia. A respeito de macumbas que alguém acredita que dão certo, deveremos entrar em outras searas de investigação.
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 G.- Tanto que assim que a histeria começou a correr solta, os primeiros documentos papais sobre isso foi sempre de enfatizando que bruxas não existem e crer nessas coisas é passível de heresia...



Mario Umetsu "Mas, de qual modo uma maldição vai contra a fé?"
Há que se ver de qual modo foi efetivada essa "maldição".
No sentido de que toda a Providência e todo poder só pode vir de Deus, quem governa o mundo. Ninguém poderia encomendar uma desgraça aos demônios, que jamais têm liberdade de agir por evocação. Ainda que ouvissem o pedido, teriam que conquistar a liberdade de Deus para cumprir, e Ele não obedecerá a um ser humano.

Mario Umetsu - E se Deus ouviu e quis fazer, foi porque já estava em seus desígnios. Não obedeceria a um pedido.


Paulo - Mario Umetsu, mas ninguém diz que a ação demoníaca é libérrima, mas que há ação. E, em todo caso, como saber quem está na presciência de Deus como um amaldiçoado segundo a Sua vontade consequente? Pelo que vejo é mais comum do que se imagina. Tenho parentes inclusive que fazem uns troços, que funcionam, que com certeza não são coisas de Deus.
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Mario Umetsu - Como saber? Ninguém sabe; nem eu. O que afirmei é que não existe e não pode existir nenhuma súplica eficaz ao Mal, nem por meio de rituais e encantamentos, nem por meio de feitiçaria. A afirmação dessa possibilidade é herética.

Mario Umetsu - E nisto estamos somente no terreno da teologia. A respeito de macumbas que alguém acredita que dão certo, deveremos entrar em outras searas de investigação.
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Francisco de Goya y Lucientes, El aquelarre o El Gran Cabrón  (1820)



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