09/06/2019

Distrações e fascínio.


Mario Umetsu -  fascínio infantil

As grandes lojas comerciantes de brinquedos apresentam fileiras exageradamente coloridas, assim como cada brinquedo predominantemente amarelo dourado tem detalhes azuis, verdes, brancos e rosas-choque. A mistura de tons prende em absoluto a criança em fascínio e não deixa de colocar em estado alterado de consciência também nós, os adultos.  

Eu mesmo quando estive na Ri-Happy me acabei no piano da Bárbie. Se os funcionários não se avolumassem em meu redor, teria passado uma hora inteira tocando os Prelúdios de Chopin naquele piano da Bárbie, tão exótico quanto ruim e agradável de tocar.  

O mesmo oferece o tal do rock progressivo. Com frequência notamos a mistura forçada de todos os tipos de timbres, muitas vezes de tubos de flautas de índios da América Central, tambores exóticos do Oriente Médio, áudios do balançar das asas dos pinguins da Patagônia; vocalistas gemendo literalmente agudíssimo e deslizando ao grave sem razão, plano, finalidade artística enquanto repetem hipnoticamente umas duas frases sem sentido por oito minutos consecutivos. 

 É isso que alguém acha muito diversificado, como se captasse enciclopédica cultura por mera exposição a essa salada auditiva da Ri-Happy. Nada chama a atenção para o fato de tais artistas tão cultos nunca demonstrarem competência intelectual para nada, pois o fato mesmo de ser artista dá credencial especialíssima para dizer qualquer merda em qualquer lugar e ser absolvido de toda culpa. E ninguém nunca demonstrou mais infantilidade do que os astros do rock...  
Mario Umetsu



➖➖
Mario Umetsu - estudos 
13 de maio
Cheguei a lançar ao jardim o livro "Antes que os Demônios Voltem" quando conheci o site Montfort e permiti uma auto-lobotomia pelas opiniões de Orlando Fedeli, que de tão corajoso e eloquente me fez sentir ancorado em um porto seguro capaz de devastar qualquer oponente que eu mesmo não fosse capaz de objetar. Achava que teria então todas as respostas para todas as questões em um só lugar, e custei a acreditar que de modo autônomo aderi a um fedelicismo em detrimento do catolicismo, através de uma necessidade pessoal que sempre vi poderosa e patente entre meus colegas.
A saída surgiu quando passei a comprar os livros que o próprio professor recomendava; e pude cotejar visões até descobrir - e poder aceitar, com o peso da realidade - o quanto as mais reluzentes inteligências distorcem e omitem voluntaria e involuntariamente os dados para fazerem lhes servir em suas idiossincrasias. 
Descobri que os gênios também amam, têm vícios, são intratáveis muitas vezes e se fazem irresistíveis a pessoas tão fracas como somos humana e brasileiramente, ávidos de aportar o espírito em uma só pessoa visível e a ela transferir os créditos de tudo o que no mundo acontece de bom, e dirigir a alma a uma grande tormenta quando um dado exterior não se mostra a favor de seu mundo imaginariamente concebido mas inexoravelmente refratário à realidade.
Por fim, ao transcorrer de alguns meses quase virei fedólatra, plinólatra, olavólatra, quevedólatra, até conseguir aceitar que a margem de erro de um é o ambiente do outro, e em troca da descoberta reconhecer que a igreja que se levanta pelo culto à pessoa, mais do que frequentada por gente insípida pra caramba, só cumpre com a função de desaguar neurose em algum canto.
Minha alegria é botar todos esses gênios para brigar, dentro de meu quarto e só comigo no platéia. Qualquer um que queira xingá-los e se recusar a crer neles terá um cheque de cinco estrelas comigo, desde que traga um autor-novidade.
➖➖

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sua opinião é importante. 💁‍♂️